ANADEP LANÇA A CAMPANHA "DEFENSORIA PÚBLICA: EM AÇÃO PELA INCLUSÃO" PARA RESSALTAR A ATUAÇÃO DAS DEFENSORAS E DEFENSORES PÚBLICOS NA GARANTIA DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

05/05/2023 23/02/2024 13:27 327 visualizações

A Campanha Nacional "DEFENSORIA PÚBLICA: em ação pela inclusão" foi lançada nesta quinta-feira (4), no auditório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A campanha é uma iniciativa da ANADEP e tem por objetivo ressaltar a atuação das defensoras e dos defensores públicos na garantia dos direitos das pessoas com deficiência.

O ponto alto do evento foi a palestra “Inclusão e anticapacitismo: os direitos das pessoas com deficiência e a ocupação dos espaços de poder” que contou com a participação da  coordenadora da comissão temática dos direitos das pessoas com deficiência da ANADEP, Flávia Albaine; da defensora pública do Paraná, Marisa Barbosa; do ativista e influencer, Ivan Baron; da autodefensora da Federação Brasileira das Associações de Sindrome de Down e representante da Associação de Síndrome de Down de Goiás, Maria Cristina Pacheco; e do representante dos Usuários dos CAPS no DF e integrante do Movimento Nacional de população em situação de Rua, Kleidson Oliveira.

Dono de um perfil nas redes sociais com quase 500 mil seguidores, Ivan Baron foi um dos representantes do povo brasileiro na cerimônia de posse da Presidência da República. Ele ficou conhecido nacionalmente por falar de forma aberta sobre os direitos das pessoas com deficiência e capacitismo nas redes sociais. Na palestra, ele mencionou o problema de relacionar as questões do grupo com diagnósticos médicos limitantes e trouxe relatos de como o preconceito foi sentido em sua infância. "Não adianta falar em anticapacitismo se não temos a inclusão. Inclusão não se faz sem incômodo", defendeu.

Maria Cristina, mulher com síndrome de down, também trouxe os reflexos de uma infância sem inclusão e sem acessibilidade. Em sua exposição, ela mencionou que ao procurar sua primeira escola, ouviu que o espaço não tinha vaga para ela. Hoje, alfabetizada, ela sonha em ingressar na Faculdade e prestar concurso público para o teatro. "É preciso que a sociedade mude o jeito de olhar e de falar com as pessoas com deficiência. A defesa dos direitos das pessoas com deficiência é coletiva".

Por sua vez, Marisa Barbosa, que tem deficiência auditiva congênita, mencionou as barreiras enfrentadas para ingressar na carreira. Para ela, a barreira atitudinal, que é caracterizada por obstáculos ou atitudes que limitam ou impeçam a participação plena da pessoa na sociedade, é uma das piores em sua concepção. Ela mencionou, por exemplo, o plano de ação de acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência da DPE-PR, que visa promover na instituição uma política de acessibilidade às pessoas com deficiência por meio de estratégias de combate à exclusão, e da eliminação das barreiras que impedem a participação plena e efetiva desta população na sociedade.

"Um dos problemas que enfrentei foi a realização de audiência de custódia em que não havia equipamentos ou aparelhos que me permitissem dialogar de forma clara com o assistido da Defensoria Pública. Imagina ter que me comunicar com uma pessoa através de um vidro que não passa o som e que preciso falar por um aparelho telefônico", explicou.

Encerrando as discussões, Kleidson Oliveira mostrou os reflexos do capacitismo na vida de um homem negro. Ele disse que, muitas vezes, foi marginalizado nos espaços que vivia, ouvindo piadas e sendo impedido, por exemplo, de ingressar no exército. “Essas situações me transformaram em um sujeito fragilizado e adoecido. Sentimento de culpa, de inferioridade, o que me trouxe muito problema de saúde mental. Fui parar no vício, embaixo de uma ponte, excluído e, depois, confinado em uma clínica, sofrendo castigos e todo tipo de desumanidade”, contou.

 


A presidenta da AMDEP, Janaina Osaki, a defensora pública-geral de Mato Grosso, Luziane Castro, o secretário executivo da DPMT, Clodoaldo Queiroz, participaram da solenidade de lançamento da campanha.